


PREFÁCIO
A lua ascendia ao céu conforme o brilho das luzes refletia nas joias que adornavam os seres mágicos convidados. Dezenas de pessoas adentravam ao local em seus mais belos trajes, exibiam cores tão diversas quanto as modelagens de suas vestes, uma variedade cortada pelo tradicional adereço da Noite Dos Eterna dos Contos, a máscara. Ainda assim, cada uma era única e carregava consigo a individualidade de todo portador. Músicas ressoavam tão fortemente quanto gargalhadas, o salão se inundou de danças, o banquete era sinônimo de perdição e a felicidade era uma corrente imensamente presente entre todos.
Houve um momento em que toda essa vitalidade fora afastada, onde o frio tomava as bordas da multidão, se direcionava para o centro, o ar ficara mais pesado e, até no último fio de cabelo, sentia-se a grandiosidade de quem chegara e do que faria. Azriel se erguia numa visão extasiante, seu poder hipnotizava e a sensação dele sobre a pele deixava, sem sombra de dúvidas, a marca de seu desejo por vingança.
A Guardiã, munida de toda sua preparação e determinação, enfrentou-o. Eram fogo e neve. Ela, em seu calor, desferia golpes vividamente, colocava em suas ações a energia e era o fogo; Azriel demonstrava pouco caso, quase como se a julgasse indigna de seus ataques, mas, mesmo assim, por baixo da sua máscara invernal, notava-se que a situação não era tão favorável para ele. Tanto que precisou fugir. Por um instante, o elfo conseguiu escorregar por entre os mundos e se encontrou pela segunda vez em queda. Buscou diversas vezes formas de mudar seu trajeto, mas nada adiantava, não havia magia que pudesse fazê-lo cair em outro lugar que não a escuridão de Hades.
Dias a fio, o Senhor do Submundo assistiu aos passos de seu tão cobiçado alvo. Passara horas premeditando acontecimentos, analisando ações e interferindo levemente para que tudo fosse conforme o necessário, resultando assim na vinda de Azriel ao seu domínio. No instante em que o primeiro adorno prateado de sua veste encostou nas sombras, ele foi devorado, os dentes ameaçaram estilhaçar sua alma e consciência, logo nos primeiros segundos. Pelos dias que ficará ali, será respaldado apenas pelos seus pesadelos internos, pela solidão enlouquecedora e o tênue limiar da loucura, até que o momento certo chegue.
Hades sabe que, em seus campos, algo ameaça fugir de seu controle e vem se preparando para isso, tanto que adquiriu uma nova arma e a deixou para afiar. Neste momento, o deus encontra-se junto de sua amada, acertando detalhes sobre o grande espetáculo sombrio; minuciosamente fazem escolhas e me levam a acreditar que será uma noite de grandes emoções.